A permanência dos jovens no campo e sua sucessão na agricultura familiar são essenciais para a produção de alimentos e a continuidade das atividades agrícolas no Brasil.
Diante desse desafio, o Governo de Minas, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), lançou nesta segunda-feira (4/11) o programa Futuro no Campo, com participação do governador em exercício Professor Mateus e de jovens rurais de vários municípios mineiros.
O programa Futuro no Campo quer estimular o protagonismo dessa parcela da população e apoiar os processos de sucessão. A iniciativa é um importante passo diante do envelhecimento populacional no campo.
O governador em exercício lembrou que dificuldades em manter as famílias a partir da produção acaba afastando os filhos de alguns pequenos agricultores do meio rural.
Com o projeto, será possível promover o desenvolvimento econômico, social e educacional no meio rural mineiro, incentivando a geração de renda, a melhoria da qualidade de vida e a sucessão nas propriedades familiares.
O programa vai oferecer capacitações em gestão de empreendimentos, cooperativismo, comercialização e inclusão digital, fortalecendo o protagonismo e a permanência dos jovens no campo.
Os cursos serão oferecidos em formato híbrido (presencial e virtual), proporcionando flexibilidade e maior alcance. Ao longo do processo, os jovens selecionados contarão com acompanhamento técnico mensal da Emater-MG.
Participação
Em 2025, o Futuro no Campo vai atender 500 jovens e vai abranger os projetos Jovens do Café, Jovens do Leite e Jovem Empreendedor Rural (Olericultura, Fruticultura, Apicultura e Avicultura de Postura).
A seleção de municípios e jovens beneficiados seguirá critérios definidos no edital que será disponibilizado no site da Emater-MG.
Poderão participar pessoas com idades entre 16 e 29 anos, agricultores ou filhos de agricultores familiares, produtores rurais que estejam enquadrados no processo familiar de produção rural.
O edital será voltado para ações de fomento, como notebooks, sementes, mudas, adubos, equipamentos. Cada jovem poderá se inscrever em um único projeto.
O valor para implantação do programa Futuro no Campo é de aproximadamente R$ 1,9 milhão. Os recursos são da Emater-MG, mas poderão vir de outras fontes públicas (municipal, estadual e federal) e privadas.
O vídeo do lançamento do Futuro no Campo está disponível no canal da Emater-MG no Youtube.
Sucessão
Continuar no interior é o plano de vida de Isadora Lourenço Marques, 25 anos, estudante do 3º ano da Escola Família Agrícola Paulo Freire. Atualmente ela ajuda na produção rural da família, em Corinto, na região Central de Minas, e pretende continuar o legado dos seus pais trabalhando com a produção de verduras e legumes.
“O jovem que nasce na fazenda nem sempre tem a chance e o incentivo pra continuar com a atividade da família e tem que ir para a cidade atrás de oportunidades. Por isso vejo que um projeto como este, que incentiva a continuidade, é importante. Sempre vivi na zona rural, nunca vivi na cidade, e quero me aposentar na roça”, afirmou.
Cenário em Minas
De acordo com o Censo Agropecuário 2017 (IBGE), pessoas com mais de 65 anos representam 21,4% dos moradores de áreas rurais, sendo que em 2006, quando foi realizado o último levantamento, representavam 17,52%.
Já a população com idade entre 25 anos e 35 anos, são 9,48% do contingente, bem abaixo dos 13,56% do censo anterior.
“Nós estamos com o campo envelhecido, conforme os dados do Censo Agropecuário, e precisamos incentivar os jovens a assumirem as propriedades e ver atratividade no trabalho rural”, salientou o diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia.
O anuário 2023 da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), feito em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que a redução da população rural no país é um fenômeno que afeta principalmente os mais jovens e está ligado à falta de perspectivas de trabalho e estudo no campo.
A população com idade entre 18 e 59 anos, considerada apta para o trabalho, diminuiu em quase 1 milhão de pessoas de 2012 a 2022. Em 2010, cerca de 7,6 milhões de jovens nessa faixa etária viviam no campo. Já em 2022, o número caiu para aproximadamente 6,4 milhões.